Quine e a Epistemologia Naturalizada
Departamento de Filosofia - Teoria do Conhecimento
Prof. Érico Andrade Marques de Oliveira - Aluno: Adriano Rodrigues Correia
O Projeto de Naturalização da Epistemologia de Willard. V. O. Quine
Resumo: Tratamos aqui do projeto de naturalização da epistemologia proposto por Quine expondo os seguintes pontos: (1) analisa-se o problema da fronteira entre analiticidade e sinteticidade, tratado em Dois Dogmas do Empirismo1, mostrando as implicações da dissolução da noção de a priori na construção de uma epistemologia em bases naturalistas. (2) A partir de Epistemologia Naturalizada2, evidencia-se a redução da epistemologia a psicologia, tratando ainda do abandono do caráter normativo bem como da nova tarefa da epistemologia. (3) apresenta-se a objeção ao projeto quineano proveniente do desafio cético proposto por Stroud.
Os dois dogmas do empirismo lógico denunciados por Quine são, a saber, a distinção entre juízos analíticos e sintéticos e o reducionismo conceitual e doutrinal3. É interessante que Wittgenstein, no Tractatus, tenha declarado que “Toda a moderna visão do mundo está fundada na ilusão de que as chamadas leis naturais sejam as explicações dos fenômenos naturais. Assim, detêm-se diante das leis naturais como diante de algo intocável [...]” 4. A pretensão de Quine é, precisamente, mostrar que longe de serem intocáveis, nossas “[...] crenças, das mais casuais questões de geografia e história, às mais profundas leis da física atômica ou mesmo da matemática pura e da lógica5, é uma construção humana que está em contato com a experiência [...]” e, portanto, “nenhum enunciado é imune a revisão” (Cf., DD, p. 252). Construir uma epistemologia comprometida com a experiência empirica passa pelo promover o “esfumar-se da suposta fronteira entre a metafísica especulativa e a ciência natural” (Cf., DD, p. 237), tornando explicito o caráter insatisfatório da analiticidade. A