Questões sobre religião e saúde mental
Resposta: Sarte concebe a imagem enquanto imagem-ato, e não imagem-objeto, em que ela se situa enquanto uma mediadora de outros dois modos de consciência: a perpcepção e o pensamento conceitual. A imagem se dá por inteiro, de uma só vez (não gradativamente), a partir de um objeto ausente ou inexistente, que permite a pessoa se “situar” no mundo, ou seja, ela abre a possibilidade para agir e projetar a partir de uma compreensão advinda de um reconhecimento (um engajamento) corporal no mundo. Assim, a compreensão da imagem é o seu envolvimento, se sintonizar com o mundo através do significado que dá a imagem, que passa não só a representar a sua vida, mas a “ser a sua vida”. A compreensão, dessa forma, leva há um “engajamento ativo” no mundo, a partir da produção de imagens em contextos rituais que conduzem o processo de imaginação. O processo de imaginação deve ser visto como um ato que engaja os sentidos (uma imagem-ato), em que o ethos religioso é incorporado à vida cotidiana da pessoa a partir de uma mediação entre seus sentimentos, projetos e interesses . No caso de Mara, o engajamento do corpo no processo de imaginação leva a uma engajamento total da pessoa (uma – quase – fusão entre imagem e “eu”), como é o caso de Iemanjá. Imaginar passa a ser incorporar a realidade da imagem. Mara passa a ser a imagem que tem de Iemanjá quando enfrenta situações de conflito, incorpora inclusive a força desta entidade, em que o papel da emoção é fundamental para se chegar a síntese imaginativa dos diferentes signos a partir da experiência acumulada de Mara. Assim a imagem-ato, assim como a emoção, são aspectos fundamentais para se pensar em como os processos rituais e as imagens produzidas a partir deles levam a determinadas compreensões (no sentido de se sintonizar com o mundo)