questões de gênero no tecnobrega
Heliana Rodrigues de Bitencourt
RESUMO
O objetivo deste artigo é desenvolver reflexões acerca das questões de gênero no tecnobrega na Ilha de Caratateua (Outeiro), considerando-se a centralidade e o simbolismo exercido pela mulher nas festas de aparelhagens e no ritmo dançante derivado do brega, o tecnobrega, modalidade surgida no início dos anos 2000, tratando-se de uma fusão da tradicional música brega com a música eletrônica.A mulher no cenário e “circuito do tecnobrega” atesta sua presença como trabalhadora (“as baldeiras”), como DJ, cantoras do tecnobrega e, principalmente, como frequentadoras das festas de aparelhagens de tecnobrega, estas que revelam a transgressão de valores culturalmente arraigados, pois que denotam uma autonomia e independência femininas características das mulheres da periferia, longe dos padrões de beleza e comportamento da elite.
Palavras-Chave: Gênero. Tecnobrega. Mulheres da Periferia.
INTRODUÇÃO
A festa de aparelhagem em Belém do Pará é o ponto de convergência da cultura da periferia local. Tudo o que é produzido diariamente em relação ao brega e ao tecnobrega é encaminhado às aparelhagens para divulgação das músicas que, muitas vezes, se referem a fã-clubes, equipes e aparelhagens, estas que são a atração principal das festas tecnobregas, que prevalecem como atividade de lazer nos bairros periféricos de Belém, aí se incluindo a Ilha de Caratateua, popularmente conhecido como o Distrito do Outeiro.
O movimento musical denominado Brega se desenvolveu em Belém desde a década de 1980 a partir da atuação de uma indústria cultural local, que conjugava músicos, cantores, rádios, produtores fonográficos e estúdios de gravação. Desde então, até os dias atuais, o ritmo brega passou por algumas transformações, também originando o Tecnobrega (mistura do brega com música eletrônica), ritmo paraense que vem chamando a atenção do país inteiro, com representantes