Questões de Economia Brasileira
O crescimento atípico de 1979 e 1980 foi resultado das medidas macroeconômicas tomadas por Delfim e Galvêas. Primeiramente, os programas de investimentos concebidos na gestão Geisel eram de longa maturação e seus resultados só seriam realmente visíveis a partir de 1984, ou seja, seria muito difícil que as mudanças ocorridas no governo Geisel tenham surtido um efeito tão impactante no crescimento desses 2 anos. O Brasil nesse período contava com uma imensa dívida externa e tenderia a uma desaceleração no crescimento, seguindo a tendência mundial de recessões causadas pelo segundo choque do petróleo. Apesar desses agravantes, Delfim Netto, ministro do planejamento, e Ernane Galvêas, ministro da fazenda, viram no período uma oportunidade de reeditar o Milagre Econômico a partir do setor rural e, para isso, abriram a “caixa de bondades” com e aumento de salários, redução de juros, aumento dos gastos e investimentos públicos, e aumento crédito e da liquidez do sistema econômico. Entre essas medidas, Delfim instituiu a periodicidade semestral dos reajustes salarias, concedeu vultosos subsídios ao setor agrícola e optou pela continuidade dos programas de investimentos em energia e em substituição de importações, esboçados no II PND. O crescimento atípico, então, foi reflexo do emprego desse grupo de medidas, aplicadas por Delfim e Galvêas, rumo ao crescimento, sustentadas por progressivos desequilíbrios nas contas externas. O superaquecimento da economia, decorrente de tais medidas, acabou agravando os desequilíbrios do balanço de pagamento e das pressões inflacionarias, obrigando Delfim, antes gestor do milagre, a se tornar um