Question rio Hobbes
Hobbes discorda e não aceita duas teses da teoria clássica das formas de governo: a distinção entre as formas boas e más e o governo misto. Nos dois casos a refutação deriva dos dois atributos fundamentais da soberania: seu caráter absoluto e a indivisibilidade. Do caráter absoluto deriva a crítica à distinção entre formas boas e más; da indivisibilidade, a crítica ao governo misto.
2. Em que sentido o poder soberano é absoluto.
Para Hobbes o poder soberano é absoluto. Se não fosse absoluto, não seria soberano. O poder soberano de Hobbes é ainda mais absoluto que o de Bodin. Bodin considera que o poder soberano, embora absoluto admita certos limites: a observância das leis naturais e divinas e os direitos privados. Diante, porém do poder absoluto concedido por Hobbes, esses limites não se sustentam. No que concerne às leis naturais e divinas, Hobbes não nega sua existência, mas afirma que não se trata de leis como as positivas, porque não são aplicadas com a força de um poder comum; por isso são externamente obrigatórias, mas só interiormente – isto é, no nível da consciência.
3. Qual é a relação entre propriedade privada e poder soberano.
Hobbes nega essa distinção entre a esfera pública e a privada; uma vez instituído o Estado, a esfera privada, que em Hobbes coincide com o estado na natureza, se dissolve inteiramente na esfera pública, isto é, nas relações de domínio que ligam o soberano aos súditos. Com efeito, a razão pela qual os indivíduos deixam o estado da natureza para ingressar na esfera do Estado é que o primeiro, não regulado por leis impostas por um poder comum, se resolve numa situação de conflito permanente. Para Hobbes o direito de propriedade só existe, no Estado, mediante a tutela estatal; no estado de natureza os indivíduos teriam um ius in omnia - um direito sobre todas as coisas, o que quer dizer que não teriam direito a nada, já que se todos têm direito a