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MÁSCaRaS, DUPLICIDaDE
E O RISO DIaBÓLICO DE ARLEQUIM.
Nanci de Freitas
A partir do Renascimento, o teatro europeu iria aprimorar seus recursos cênicos. Se, por um lado, os cânones dramatúrgicos da Antiguidade ditariam os parâmetros de um teatro erudito, por outro lado, a commedia dell’arte italiana, construída sobre bases teatrais extraliterárias e tipos representados por máscara, alcançaria ampla recepção.
Os tipos mais populares eram os zanni, criados bufos, esfomeados e trapaceiros. Dentre eles, o Arlequim viria a ser a principal figura, incorporando em sua forma aspectos grotescos do diabo medieval.
Arlequim, Duplas cômicas, teatro popular, máscaras, commedia dell’arte
FREITAS, Nanci de. A commedia dell’arte: máscaras, duplicidade e o riso diabólico do arlequim. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro,
v.5, n.1, p. 65-74, 2008.
FREITAS, Nanci de. A commedia dell’arte.
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A partir do Renascimento, o teatro europeu encontraria um terreno fértil para seu desenvolvimento e popularização, em particular na Itália. A aproximação das elites intelectuais ao universo da cultura clássica greco-romana, estimulada pelo reaparecimento dos textos dramatúrgicos e filosóficos; dos manuscritos sobre arquitetura, música e pintura (documentos confinados, ao longo da Idade Média, a restritos setores da igreja), propiciaria a expansão do campo do espetáculo, com o aprimoramento dos recursos arquitetônicos e cênicos, que permitiriam a criação do palco italiano e de novas formas de representação como a ópera.
No entanto, o retorno dos textos dramatúrgicos aos cânones clássicos, com suas exigências de linearidade e de causalidade, e de respeito às regras das unidades de ação, tempo e lugar, estabelecidas como modelos para a tragédia (que os franceses atribuíram, supostamente, a Aristóteles, numa leitura da Arte Poética), acabaria por ditar os parâmetros de um teatro erudito e palaciano. Este teatro atingiria