Queremos o Autoritarismo
Escolhemos o autoritarismo, afinal ele é a única forma de nos salvar. Onde foi dito isso? Sinceramente, com essas palavras, nunca ouvi. Mas por outro lado ouço muito isso em outras formas de expressão por lugares em que circulo no dia-a-dia.
Apesar de falar em liberdade e democracia, de um modo geral, nossa sociedade tem como principal preocupação social o controle que o Estado deve exercer para coibir a criminalidade e a violência urbana. Inquestionável é o impacto que exerceu sobre a opinião pública, o assassinado cometido por aquele jovem três dias antes de completar dezoito anos. Tal fato inflamou o discurso da necessidade de aumento do rigor das leis penais e da redução da maioridade penal para dezesseis anos.
Queremos um Estado forte, eficaz e que prenda e puna os criminosos e assim coíba e impeça a ocorrência de novos delitos através do endurecimento das leis e das penas. Queremos que a força do Estado, o poder de policia e o endurecimento das penas dêem maior tranqüilidade e colaborem com a paz. Queremos e delegamos ao Estado toda a força e poder necessário para construir a paz tão desejada, uma vez que nós não conseguimos fazê-lo de outra forma.
Ora, essa imagem e desejo de construção da paz através da presença aterrorizadora e punitiva do Estado foi muito presente no século XVI, quando se defendia o fortalecimento na Europa dos estados absolutistas. Dentre as idéias daquela época destacamos o Leviatã, descrito na obra do mesmo nome pelo pensador Thomas Hobbes.
Para Hobbes, os indivíduos não possuem condições de convivência pacífica e de viver em sociedade sem a imagem e presença constante do Leviatã, a força do Estado poderoso e aterrorizador. Edificado através do contrato social, todos abrem não se sua liberdade pessoal e transferem e delegam um poder supremo àquele que garantirá a paz e ordem social. Segundo essas idéias, fazia-se necessário no inicio da Idade Moderna superar a desordem e o caos social que