Quem vende mais revista? a patroa ou a empregada?
Foi isso que eu pensei quando vieram me propor uma nova personagem de capa para a revista Ana Maria: a atriz Luci Pereira.
Pra quem não acompanha novelas, Luci Pereira faz o papel de uma empregada engraçada e enxerida na novela Salve Jorge. É povão na novela, veio do povão na vida real. Sua patroa é uma delegada fashion interpretada pela belíssima Giovanna Antonelli.
- Será? – eu perguntei pras editoras da revista, preocupado com o tal aspiracional.
- Com certeza! – elas responderam.
O bom de fazer revista semanal popular é que você tem 52 capas por ano. Dá pra aprender muito testando.
- Ok – eu concordei - mas antes vamos dar a Giovanna Antonelli. Aposto que a patroa bonitona agrada mais.
Meu núcleo na Editora Abril é composto por sete revistas: duas mais sofisticadas, voltadas pra mulheres de classe B (Máxima e Manequim), e cinco mais populares (Ana Maria, Viva Mais!, Tititi, Minha Novela e Sou Mais Eu!).
Um dos nossos maiores desafios é conhecer intimamente as leitoras. Primeiro, porque existe um abismo entre a realidade de vida dos nossos jornalistas e a do público pra quem eles escrevem. Depois, porque não existe hoje no Brasil um grupo que está se transformando tanto quanto a chamada nova classe média. O que era verdade há dois anos, hoje pode não ser mais.
Pra acertar na comunicação, a gente investe muito tempo, dinheiro e sola de sapato em andanças e pesquisas sobre a leitora.
As preferências (e até preconceitos!) delas mudam muito. Exemplos recentes:
Até uns anos atrás, capa com atriz negra costumava vender 10% menos. Não mais! (Cris Vianna foi uma das nossas maiores vendas dos últimos tempos).
Antes, elas se interessavam por matérias sobre como agradar o marido ou como arrumar a casa. Agora, estão mais