QUEM DIRIA VYGOTSKY
Introdução Este é um ponto de vista estritamente pessoal. Ignore-o se julgar extremamente petulante.Talvez a mais extraordinária revolução trazida pelo século XXI para a medicina tenha sido a propiciada por James Watson e sua equipe, descobridores da estrutura do DNA e precursores, mostrando que nos países mais avançados do mundo e, dentro de pouco tempo no Brasil, não mais se receitarão pacientes por seus sintomas, mas pelo código genético, posto que os sintomas são tímidas manifestações deste código. Talvez a mais extraordinária revolução trazida pelo século XX para a educação tenha sido propiciada por Lev Vygotsky e seus discípulos russos ao pesquisarem a mente humana mostrando que não mais se busca compreendê-la através de comportamentos, mas pela ação dos neurônios e suas sinapses, posto que os comportamentos são tímidas manifestações destas. Mais ainda. Vygotsky foi fruto cultural de seu tempo, assinalado por um vigor múltiplo, quase impossível de ser pensado nos dias que correm. Se antevisse os tempos de hoje, creio que Vygotsky aceitaria ser impossível ser Vygotsky. Reproduzo nesta abertura o primeiro ensaio que escrevi no ano de 2001. Busco mostrar que os grandes pedagogos não constituem impérios de ideias válidas apenas para discussões acadêmicas e que, na maior parte das vezes, seus pensamentos e suas sugestões invade a sala de aula de todo professor, todos os dias. Creio ser esse ensaio uma maneira interessante de mostrar que Vygotsky também, se assim o desejarmos, pode ser personagem no nosso dia-a-dia. Começa o ano, começa o século, mais ainda, é o milênio que começa. No devaneio e na fantasia que envolve todo recomeçar, os sonhos são aceitáveis e a imaginação plausível. Assim, pois, em nome desses sonhos e fortalecidos pela ousadia de fantasiar, imaginemos que os professores que terminaram o milênio cheios de dúvidas e de inseguranças resolvessem agora,