Queimadas e desmatamentos
Por mais que se pretenda ou que se afirme o contrário, o veto específico a projetos com florestas no MDL desconsidera a importância fundamental que elas têm para o equilíbrio climático, seja no que se refere à sua capacidade de seqüestro de carbono, seja quanto ao significativo volume de emissões oriundas dos desmatamentos e queimadas, e seu potencial para emissões futuras.
O caso do Brasil é emblemático: promove mais de 5% das emissões mundiais, sendo que dois terços delas são oriundas do setor florestal. Se o país pudesse implementar programas para proteger florestas ameaçadas por desmatamento, poderia contribuir consistentemente para a redução de emissões, além de investir no manejo sustentável dos recursos florestais, conservando a natureza e viabilizando o desenvolvimento econômico para as populações que vivem nas florestas (IPAM, 2000).
A viabilidade de longo prazo do Protocolo de Quioto depende de um amplo acordo baseado em concessões mútuas das diferentes partes durante as futuras negociações, no intuito de estabelecer critérios internacionais para os diferentes projetos sob o MDL. O Brasil pode ter um papel chave nestas negociações caso abandone a posição defensiva, produto do temor de não poder controlar o desmatamento na Amazônia, e assuma uma posição de liderança, que facilite o diálogo entre os países. A partir daí, poderá haver espaço para que as florestas tropicais sirvam também como meio de mitigação do aquecimento