Queimada viva
Souad tinha dezassete anos e estava apaixonada. Na sua aldeia da Cisjordânia, como em tantas outras, o amor antes do casamento era sinónimo de morte. Tendo ficado grávida, um cunhado é encarregado de executar a sentença: regá-la com gasolina e chegar-lhe fogo. Terrivelmente queimada, Souad sobrevive por milagre. No hospital, para onde a levam e onde se recusam a tratá-la, a própria mãe tenta assassina-la.
Hoje, muitos anos depois, Souad decide falar em nome das mulheres que, por motivos idênticos aos seus, ainda arriscam a vida. Para o fazer, para contar ao mundo a barbaridade desta prática, ela corre diariamente sérios perigos, uma vez que o “atentado” à honra da sua família é um “crime” que ainda não prescreveu. Um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres.
1. Retira do texto:
1.1. Dados de identificação da protagonista;
Souad (protagonista), 17 anos (idade), solteira (estado civil), Cisjosdânia (nacionalidade).
1.2. Deíticos que permitirá situar temporalmente o momento da escrita;
“Hoje, muitos anos depois”.
1.3. Expressão que denuncia o desfasamento entre esse momento e o tempo dos acontecimentos narrados.
“muitos anos depois”
2. Parindo das informações fornecidas, prevê:
2.1. Pessoa verbal utilizada no relato:
Narrador autodiegético, 1ªpessoa.
2.2. Tempo verbal predominante no discurso.
Preterito.
Isto é um texto de tipo memória.
Memórias:
Relatos de factos passados com recurso à memoria. É a memória/lembraça que permite que a memoralista retorne a si mesma, recriando um passado, e dando o seu testemunho do tempo e do espaço em que viveu.