Que e esxrever

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QUE É ESCREVER?

intuição, à própria linguagem: a decisão de comunicar aos outros os resultados obtidos, Em cada caso, é essa a decisão que cabe questionar. E o bom senso, que os nossos dou tos tão facilmente esquecem, não se cansa de repeti-!o. Pois não é costume colocar para todos os jovens que se propõem a escrever; esta questão de princípio: "Você tem alguma coisa a dizer?"
Por aí deve-se entender: alguma coisa que valha a pena ser comunicada.
Mas como compreender o que "vale a pena". Senão recorrendo a um sistema de valores transcendente?
Aliás, se considerarmos apenas essa estrutura secundária do empreendimento que é o momentol/erbal,o grave erro dos estilistas puros é acreditar que a fala é apenas um zéfiro que perpassa ligeiramente a superfície das coisas, que as aflora sem alterá-las. E que o falante é pura testemunha que resume numa palavra sua contemplação inofensiva. Falar é agir: uma coisa nomeada não é mais inteiramente a mesma, perdeu a sua inocência. Nomeando a conduta de um indivíduo, nós a revelamos a ele; ele se vê. E como ao mesmo tempo a nomeamos para todos os outros, no momento em que ele se lê, sabe que está sendo visto; seu gesto furtivo, que dele passava despercebido, passa a existir enormemente, a existir para todos, integra-se no espírito objetivo. Assume dimensões novas, é recuperado. Depois disso, como se pode querer que ele continue agindo da mesma maneira? Ou irá perseverar na sua conduta por obstinação, e com conhecimento de causa, ou irá abandoná-la. Assim, ao falar, eu desvendo a situação por meu próprio projeto de mudá-la; desvendo-a a mim mesmo e aos outros para mudá-la; atinjo-a em pleno coração,traspasso-a e fio , sob todos os olhares; passo a dispor dela; a cada palavra que digo, engajo-me um pouco mais no mundo e ao mesmo tempo, passo a emergir dele um pouco mais, já que o ultrapasso na direção do porvir, Assim, o prosador é um homem que escolheu determinado modo de ação secundária que se poderia chamar de ação por

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