que reis ou eu
“Que Rei Sou Eu?” foi uma novela duplamente rica: primeiro pela ambientação medieval inusitada e segundo pela história cheia de críticas (algumas discretas e outras nem tanto) ao Brasil. Ravengar (Antônio Abujamra) fazia parte dos dois contextos: uma referência a Rasputin, o místico que se infiltrou na nobreza russa e a influenciou fortemente, o bruxo controlava a corte como marionetes e, após a morte do rei, conseguiu colocar um mendigo, Pichot (Tato Gabus Mendes) no trono para facilitar o controle.
De fato, durante boa parte da trama, é Ravengar o verdadeiro rei, ajudando a piorar ainda mais a situação no reino para o povo e facilitando a sua própria. E ele não queria só o poder, não! Uma das poucas pessoas a quem ele quer bem é Madeleine (Marieta Severo), esposa de outro conselheiro do Reino, e todos os planos também visavam a conquista do tal amor. Só que Madeleine jamais iria se sujeitar ao poder dele (ou de qualquer homem), e permanece firme, mesmo com as armações para destruir seu relacionamento.
No fim da novela todas as referências ficaram mais claras: o Reino de Avilan foi chamado de Brasil pela primeira vez e o Ravengar conseguiu escapar à morte (feito o próprio Rasputin), e voltou para tentar ser um novo conselheiro do rei, agora com o nome de Richelieu Rasputin Golbery. A referência deixava o fim da novela com um toque agridoce: será que o reino estava fadado a repetir seu rumo? A julgar pela história do Brasil desde então, a premonição não estava tão errada.