Que gramatica ensinar

1 INTRODUÇÃO

Pesquisadores e estudiosos têm questionado a abordagem gramaticista no ensino de português, já que pensar nela, implica relacionar advérbio, artigo, conjunção, sintaxe, morfologia... e, ao mesmo tempo, o velho clichê de que a gramática é “bicho de sete cabeças”.
Borba usa a seguinte definição:

A gramática compara o maior número possível de línguas, com o fim de reconhecer todos os fatos lingüísticos e as condições em que se realizarão. Não se preocupa com o realizado, mas com as possibilidades que uma gramática pode vir a realizar. (2002. p. 2).

Nesse sentido, será abordado o uso da gramática normativa ou da gramática construtivista sob vários ângulos e pontos de vista.
Esse assunto é bastante amplo e interessante, pois é polêmico e tem gerado muitos questionamentos, já que o ensino de língua é a única disciplina na escola em que existe uma disputa entre duas perspectivas distintas, dois modos diferentes de encarar o fenômeno da linguagem: a doutrina gramatical tradicional, surgida no século III a.C., e a ciência lingüística moderna, que se firmou como tal no final do século XIX e início do XX. Nesse contexto, a citação de Bagno é oportuna:

Ninguém se espanta, porém, quando um professor de língua ensina que os substantivos são palavras que representam os seres em geral, ou que o sujeito é o ser do qual se diz alguma coisa, ou que o pronome é a palavra que substitui o nome. São afirmações tão imprecisas e incoerentes quanto a de que as avestruzes enterram a cabeça na areia ou que apontar para as estrelas faz nascer verrugas nos dedos. (2001 p.54).

Percebe-se então como a gramática pode ser interessante.
Este trabalho também tem o objetivo de, além de explicitar questões polêmicas da gramática o uso da gramática tradicional ou a sua exclusão dos currículos, já que tem sido proposta a criação de uma nova maneira de se ensinar a língua nas escolas, tendo a produção de textos – orais ou escritos – como ponto de partida para o