Quanto e que vale ou e por quilo
O filme começa no século XVĪĪĪ, quando senhores atrelavam ao custo da liberdade de seus escravos um juro crescente ao ano. O que parecia boa vontade virava negócio muito lucrativo, o autor desde o início do filme utiliza-se do recurso de histórias intercaladas da época da escravidão e dos dias atuais para nos alertar que a situação do país não mudou, só apenas mudou de nome. Os menos favorecidos não vivem é claro em senzalas, mas em favelas, recebem mensalmente o salário mínimo, que mal dá para adquirem o sustento próprio ainda mais os de suas famílias.
Emprego onde podemos observar que para aqueles serviços de limpeza, faxina, vigia ficam para os pobres e negros enquanto as maiorias dos serviços de gerentes, médicos, advogados são de pessoas com poder aquisitivo maior, deixando claro que toda regra existe exceção. As mascaras e correntes que os escravos usavam só mudaram de contesto, pois vivemos em uma sociedade em quem manda são os donos do dinheiro e se você reclama ou denuncia acaba sendo calado.
Uma cena que ilustra bem e a da líder comunitária Almerinda, ela bate de frente com a perversidade da solidariedade institucionalizada quando descobre ter sido vitima de uma falcatrua envolvendo o repasse de computadores para o centro que representa. O autor traça um paralelo entre ela e uma escrava fujona do século XVĪĪĪ, vivida pela mesma atriz.
Rebeldes e inconformada com a ordem social a qual estão submetidas, as duas mulheres, separadas por mais de 200 anos, são igualadas na sua impotência diante de forças que as impedem de fazer seus direitos valerem. No filme está a figura do escravo, do ser humano coisificado e utilizado como moeda corrente. No Brasil do século XVĪĪĪ, os negros eram vistos como animais ou máquinas desprovidos de almas, cuja única finalidade era sustentar a economia do país. De acordo com a tese defendida por Quanto vale ou é por quilo? os brasileiros à margem da sociedade de consumo de hoje em dia,