Qual o tamanho ideal e a função adequada do estado?
Trata-se de um tema muito grande e muito complexo, e provavelmente ambicioso demais para ser abordado em um único ensaio. Embora o que virá a seguir possa ser um tanto longo, ainda assim não tem como ser uma abordagem completa. Várias perguntas ficarão sem respostas e várias objeções — inclusive as várias que já posso antecipar — não serão discutidas. Mas, ainda assim, espero que o leitor considere válido o esforço.
Durante muito tempo me considerei um liberal clássico — assim como Ludwig von Mises, que inspirou a maior parte do meu trabalho. Mas hoje eu não mais considero que tal posição seja logicamente consistente. A ideologia liberal clássica, embora defenda um estado muito menor do que aquele que o consenso político atual preconiza, ainda assim atribui poderes excessivos ao estado. Não obstante, ela oferece um bom ponto de partida para a discussão. Portanto, comecemos por ela.
Argumentos utilitaristas para o estado estritamente limitado
A posição liberal clássica acerca do papel do estado pode ser descrita aproximadamente da seguinte forma: o estado deve ficar completamente de fora da economia. Não há funções para o estado exercer no setor industrial, no setor bancário ou no setor monetário. O dinheiro é o ouro ou qualquer outra commodity livremente escolhida pelo público para efetuar suas trocas de mercado. A oferta monetária está, portanto, totalmente fora do controle político, e o sistema bancário e financeiro são entidades que operam em um mercado totalmente livre e desimpedido, sem usufruir nenhum tipo de auxílio estatal, nenhuma garantia e nenhum amparo explícito ou implícito.
Adicionalmente, todos os meios de produção são propriedade privada, e a maneira como eles são empregados é guiada pelo sistema de preços do mercado, sempre se buscando oportunidades de lucros e procurando se evitar prejuízos. Lucros e prejuízos são os sinais essenciais por meio dos quais os consumidores