-Qual a implicação do nazismo para o povo judaico?
À saída, uma orquestra com toque marcial executava algumas peças, dentre as quais a "Cavalgada das Walkírias", do compositor Richard Wagner, enquanto um sorridente Hitler, exibiu aos espectadores entusiasmados um precioso presente que recebera como regalo, um bastonete que pertencera ao irmão da anfitriã, o filósofo Friedrich Nietzsche, à quem aquele museu e cerimônia eram dedicados. Para os nazistas, uma leitura praticamente obrigatória era "Assim falou Zarathustra", sonhando com a materialização, na sua Alemanha, do Super-Homem vislumbrado por aquele filósofo que, arrasado pela sífilis, falecera a 25 de agosto de 1900. Nas mochilas de uma boa parte dos soldados alemães que avançaram no sonho do mundo ariano, essa obra era um dos componentes básicos, a reforçar o seu norte ideológico. O ferrenho ódio anti-semita seguiria o ditador nazista até a última frase do testamento, pouco anterior ao seu suicídio: "Acima de tudo, eu conclamo ao governo e ao povo a sustentar as leis raciais até o limite, e a resistirem ao envenenador de todas as nações, o Judaísmo internacional". Datou e assinou: "Berlim, 29 de abril, 1945, 4 horas... Adolf Hitler".
A imagem de um Nietzsche anti-semita e germanista perdurou apenas um pouco mais além da ruína da Alemanha nazista. Foi então que o mergulho nos arquivos revelou que estávamos diante de uma das mais contundentes adulterações da História. Ficou muito claro, observou Georges Bataille, que