Qual poderá ser o papel da escola e dos seus protagonistas na superação da crise de valores contemporânea?
Não há directores, nem orientadores ou professores que não se digam comprometidos com a relevância da ética na acção educativa. Mesmo assim, no primeiro olhar sobre a estrutura curricular e o quotidiano escolar, constatamos que a ética ocupa um lugar bastante singelo, muitas vezes restrito a um ímpeto disciplinar ou, quando muito, a uma actividade transversal.
No meu modo de ver, em termos de educação ética, dentro do contexto de uma sociedade democrática e pluralista, esta não dispõe de valores em torno dos quais exista consenso e que, não está disposta a incutir nos jovens valores ou formas de comportamento que não são partilhados por todos, o que gera um conjunto de atitudes que ferem o bem-estar da sociedade escolar.
A sociedade multicultural, fortalecida pelo curso da globalização e da mobilidade social, em que partilham visões diferentes da vida e do mundo, veio agravar ainda mais este desnorteamento da educação e da escola. Há tantas disparidades que a todo o momento nos encontramos à porta do relativismo. As diferenças culturais existentes no interior das sociedades entre os vários grupos sociais, culturais e étnicos exigem formas diferenciadas de educação ética. A escola que deve servir e respeitar a todos encontra-se diante um desafio de difícil solução.
Constantemente o Estado, a sociedade e as famílias rejeitam as suas responsabilidades, porque não são capazes ou por comodismo não querem assumi-las, empurrando-as cada vez mais para a escola. Hoje a Escola obriga-se a prevenir a toxicodependência, a Sida e outras doenças sexualmente transmissíveis a educar para a cidadania, a formar para o empreendedorismo, a promover uma cultura ecológica e de defesa do meio ambiente, a motivar para a prevenção rodoviária, a transmitir princípios de educação sexual, a desenvolver hábitos alimentares saudáveis, a utilizar as novas tecnologias da