QUAL FUTURO ESPERAR PARA AS FAVELAS?
Mike Davis, reconhecido por seus estudos acerca da formação e desenvolvimento das favelas, previu em seu artigo “Planet of Slums” que essa formação irregular de assentamento predominará em várias cidades do mundo periférico. E esse crescimento desordenado ocorre não só nas favelas, mas também em conjuntos habitacionais, bairros da classe média baixa e, até mesmo, em áreas menos periféricas da cidade, e se dá de diversas formas: não só pela ampliação dos imóveis, como também pelo parcelamento dos lotes residenciais de modo a se construir novas edificações destinadas à ocupação por outros membros da família ou para aumentar a renda familiar com a sua locação. É a tão conhecida cultura do “puxadinho”.
No Rio de Janeiro, principalmente, é inevitável a associação entre favelas e violência urbana, e conseqüentemente toda uma rede complexa de narcotráfico e criminalidade. Assim, surge a idéia de remoção das favelas. Mas os defensores dessa idéia esquecem justamente que a maior parte das mais de 700 favelas cariocas não se encontra na Zona Sul, área nobre da cidade, mas na sua periferia – Zona Norte e Oeste, fora os da Baixada Fluminense. Na realidade a segregação espacial não contribui em nada para o fim da violência urbana.
Por outro lado, alguns vêem nas favelas a tradução da resistência de uma cultura peculiar que, portanto, deve ser mantida por respeito à diferença. Visto dessa maneira, os problemas das favelas ficam reduzidos ao saneamento, à pavimentação de vias e instalação de equipamentos e mobiliário urbanos, além de alguns outros que não põem em questão a forma física do local. Assume-se assim essa morfologia como uma característica inerente da cultura daqueles que ali vivem.
Ao longo dos anos, alguns programas de urbanização foram desenvolvidos em favelas, a exemplo do Favela-Bairro, no Rio de Janeiro,