qu mica

Alho e Enxofre

Que prazer é temperar a refeição com aromatizantes que compõem o gênero Allium : o alho, a cebola, o alho poró, a cebolinha e suas variantes ! O odor de todos esses condimentos baseia-se no mesmo elemento, o enxofre. O surpreendente é que, em muitos casos, os compostos responsáveis pelo odor não existem nas plantas intactas e são biossintetizados enquanto elas estão sendo picadas, trituradas ou fritas. Um dente de alho, por exemplo, por si só não tem o odor característico, e as cebolas intactas não tem cheiro nem fazem ninguém chorar. quando esmagamos um dente de alho, a enzima alinase é liberada e converte os sulfóxidos precursores em ácidos sulfênicos. Estes ácidos se dimerizam posteriormente e perdem àgua para formar os aromatizantes, como a alicina, por exemplo. O alho gera muitos outros compostos dessa maneira, os quais contem grupos funcionais sulfeto, sulfoxido, e dissulfeto. Curiosamente, alguns desses compostos tem atividade medicinal. A alicina, por exemplo, é um poderoso agente bactericida. Antes de os modernos antibióticos serem conhecidos, era utilizado o alho no tratamento de tifo, cólera, disenteria e tuberculose. É possível que a planta use esses compostos como agentes quimicos contra organismos invasores. Na China, uma redução significativa dos casos de câncer gástrico tem sido associada ao consumo de alho, o qual reduz os níveis de colesterol, possui propriedades cardiovasculares e inibe a agregação de plaquetas.

Um dos efeitos negativos mais notáveis do alho e da cebola é o extremo mau hálito, oriundo dos pulmões através do sangue, e não, como se imagina, de restos do condimento deixados na boca. Na verdade, compostos de alho podem ser encontrados na urina três ou quatro dias após a ingestão. A alicina é rapidamente absorvida pela pele. Assim tem-se afirmado que, quando se esfrega alho na sola dos pés, é possível sentir o seu gosto na boca.