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OLHAR JUNGUIANO NA AMAZÔNIA
Elisabete Christofoletti
Psicóloga, Mestre em Educação
Trainee da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica
Resumo: O artigo busca refletir acerca do mito fundador de uma cidade de fronteira, Porto Velho, em
Rondônia, Brasil.
Em meio à Floresta Amazônica, a cidade constitui-se como terra maltratada, negada, usurpada.
Lugar do provisório, muros e casas não concluídas ou vazias, ruas inacabadas, praças abandonadas e instituições de papel.
Meio do caminho, lugar para onde não se viria, passagem, muitas identidades nenhuma ou todas reconhecidas dá a sensação imediata de ausência, misturada com o desejo de não criar raízes.
Nos propomos a uma aproximação com as imagens geradas pelo contato, convivência com o lugar, enxergar-se parte e ao mesmo tempo que geradores dele, bem como as possibilidades de realizações e do reconhecimento da sombra, advinda desta relação.
Porto Velho, espaço de chegada e partida, morte-vida-morte, resistência-sobrevivência, faz conviver dois impulsos geradores da vida psíquica: negar e criar, e tornar-se, assim, lugar de pensar e viver o sonho ou escrever o pesadelo.
Texto:
É o ano de 1910. Pelas palavras de Vitor Hugo e Manoel Ferreira nos é apresentada uma cidade:
Porto Velho, em Rondônia na Amazônia.
Gente de todo mundo não acabava de chegar, - fazia anos! – à margem da primeira cachoeira inferior, no Rio Madeira.
Brasileiros vindos de quase todos os pontos do país, ingleses em quantidade, italianos buliçosos, espanhóis, bolivianos, peruanos, gregos, alemães, judeus, barbadianos e chineses. Uma população ondulante, instável, de aventureiros aliciados para um trabalho que oferecia todas as probabilidades da desventura. Fracassados na vida, audaciosos, viciados, aumentavam ao sabor das condições econômicas. O dia escoava-se ao ritmo
do