Pátria minha - Vinicius de morais
Barcelona, O Livro Inconsútil, 1949
O poema, escrito na primeira pessoa, expressa a saudade e a tristeza do autor por estar no exílio, banido de seu país, Brasil, certamente pela Ditadura.
Seu desejo é rever sua pátria, voltar a morar no seu país, mesmo que este seja pobre, mesmo que possua um povo sofrido e miserável.
Sugere, também, que passou talvez por tortura e ameaças, tendo sido forçado a abandonar sua terra, forçado a negá-la, a calar-se diante de injustiças e desmandos, a fixar-se em outra terra que não seu amado país.
Apesar do amor por seu país, nessas condições ele não pode chamá-lo de mãe gentil, como diz o Hino Nacional, já que foi vedada sua permanência em sua própria terra natal e de maneira forçosa, para "seus braços" não tem permissão de voltar, nem seu filho de nela morar.
Por mais distante que esteja, leva o amor por sua pátria no coração e, numa referência ao amanhecer, à cotovia de Romeu e Julieta, demonstra a esperança em uma mensagem saudosa, "saudade de quem te ama".
Feito na prensa particular de João Cabral de Melo Neto em 1949, Pátria Minha é o que na época se chamava de plaquete (ou plaqueta). A publicação é feita a partir de um único e longo poema de Vinicius. Amigos desde 1942, quando Vinicius visita Recife com Waldo Frank, os dois funcionários do Itamaraty se correspondiam com frequência nessa época. Era o período em que Vinicius ainda estava em Los Angeles e João Cabral em Barcelona. Foi a partir do poema enviado para a leitura de João Cabral que ele teve o impulso de fazer os 50 exemplares do poema artesanalmente, na sua prensa e editora caseira conhecida sob o selo O Livro Inconsúntil.
O livro foi uma surpresa para Vinicius, com quem Cabral deixou todos os exemplares. Em uma carta escrita em outubro de 1949, o poeta-editor diz em um p.s. para seu amigo carioca que: “Não distribuí o livro a ninguém. Faça-o a vontade. E me mande um com dedicatória”.
Pátria Minha
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