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As manifestações populares devem ser vistas como uma oportunidade de avançar, de reconsiderar prioridades políticas públicas. Trata-se de um descontentamento profundo com os limites da política, a péssima qualidade e carência de serviços públicos que atingem moradores das cidades não apenas em São Paulo, mas em cidades muito diferentes, e se alastram rapidamente país afora. Morar nas grandes cidades se tornou um inferno, sobretudo para os mais pobres, a mobilidade urbana se converteu no símbolo mais evidente deste modelo insustentável. A lição mais interessante destas manifestações foi mostrar que aquilo que a sociedade considerava mais irreal não deveriam ser propostas consideradas “tecnicamente inviáveis” como a tarifa zero. Fomos transformados em baratas e nem mais sabemos disso.
Os Políticos nunca foram bem quistos pela população e partidos são vistos como máquinas de poder com baixíssimo compromisso público. Acrescenta-se a isso a condição brasileira de uma sociedade autoritária em que vigoram muitas vezes relações de clientela e que tem dado sinais constantes de resiliência acima das ideologias.
A ampliação do consumo sem a correspondente diminuição da desigualdade social é outro fator dos protestos. Nos últimos anos houve a ampliação do acesso ao consumo de milhões de brasileiros que passaram a obter bens a partir do acesso ao crédito. De bens de consumo passaram a solicitar educação e saúde de qualidade, cada vez mais caras ou distantes desta parcela da população e que sofreram um processo de privatização que não se alterou, mesmo nos últimos anos. Se tomarmos os indicadores de renda e consumo nestas duas décadas de ajuste ao capitalismo global, o país melhorou. No entanto, o estranhamento é que ninguém aguenta mais. E mais estranho ainda é que ninguém percebeu tamanho mal-estar.
Outro fator que levaram as manifestações foi a preparação da Cidade para a Copa do Mundo a soma de recursos investidos para atender as