Psicoterapia e corpo. i – biopsicotipologias
Ricardo Amaral Rego **
INTRODUÇÃO
Mente, espírito, psiquismo, alma. Várias palavras, vários conceitos, todos girando em torno da busca de compreensão do que é esta capacidade humana de ter consciência de si e do mundo, de sentir e pensar, de imaginar, planejar e criar. Um dos temas recorrentes nas várias tentativas de entendimento desse assunto é o da relação entre o corpo e essa dimensão tão sutil e etérea, e ao mesmo tempo tão presente e importante. Muit as opiniões, velhas e novas polêmicas, e muito do mistério permanece, como se pode ver em recente artigo de Horgan sobre as possíveis explicações para o fenômeno da consciência. Não vou aqui retomar esta discussão em suas bases científicas, filosóficas e religiosas mais gerais. O que me interessa neste momento é examinar mais de perto a questão do corpo na psicoterapia, focalizando a atenção nos aspectos práticos de como é que se pode compreender e influenciar o impalpável a partir do palpável, o invisíve l a partir do visível.
. Esta preocupação tem duas origens. Uma é a dificuldade de se ter uma visão ampla da relação entre psicoterapia e corpo a partir dos diversos autores reichianos e neo -reichianos, dado que no aspecto técnico cada um privilegia questõ es diferentes, e no aspecto teórico eles divergem tanto que fica muito difícil juntá-los numa abordagem mais abrangente. Neste sentido, busco continuar um caminho iniciado em trabalhos anteriores (Rego, 1992a, 1992b, 1993; Gama e Rego, 1994), e avançar aqui mais alguns passos na direção de uma forma original e abrangente de conceber a relação entre psicoterapia e corpo, que permita uma base conceitual e operacional para uma integração das diversas abordagens existentes num todo coerente e articulado. Dada a vastidão do tema, a apresentação dar-se-á ao longo de diversos artigos, sendo este o primeiro.
Outra questão é o fato de este campo de trabalho ao qual me dedico ser chamado muitas