Psicoterapia cognitiva
Bernard Rangé
Os últimos anos têm testemunhado um desenvolvimento vertiginoso de uma abordagem psicoterapêutica denominada Psicoterapia Cognitiva (TC) (Beck et ai.. 1979; Beck et ai., 1985; Beck e Freeman, 1990). Baseia- se no modelo cognitivo segundo o qual afeto e comportamento são determinados pelo modo como um indivíduo estrutura o mundo. Suas cognições (eventos verbais ou pictóricos do sistema consciente) mediam as relações entre os impulsos aferentes do mundo externo e as reações (sentimentos e comportamento). O modelo esquemático é o seguinte:
Acontecimentos ambientais - Processamento cognitivo – afetos e comportamentos
Distingue-se da psicanálise e da psiquiatria biológica na medida em que estes entendem que a ação de um indivíduo está baseada em um determinismo fora do seu controle, enquanto a terapia cognitiva (TC) supõe que a origem da ação encontra-se na consciência, logo sob seu poder. Em relação ao behaviorismo, representa uma evolução na vertente metodológica desta escola psicológica. Historicamente, a TC teve como precursora a terapia racional-emotiva (Ellis, 1962), mas foi Aaron T. Beck que lhe deu os contornos atuais. Originalmente um psicanalista, Beck percebeu, em seus atendimentos, certas características no processamento cognitivo de seus
pacientes deprimidos e a relação destas como sintomas por eles apresentados. Pouco a pouco foi desenvolvendo um modelo teórico e uma prática correspondente, e submetendo-os a verificações experimentais que as validaram. Na mesma época, as terapias comportamentais também começaram a valorizar progressivamente os aspectos cognitivos (Bandura, 1969; Mahoney, 1973) com o conseqüente desenvolvimento de uma abordagem cognitivo-comportamental (Hawton e cols., 1989). Há uma forte tendência desta abordagem se estabelecer como a principal vertente terapêutica tendo em vista o fato de que a terapia cognitiva também utiliza procedimentos comportamentais, o que faz com que a efetividade