Psicossom Tica Texto Completo
Capítulo 5 - Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde: Veredas Interdisciplinares em Busca do "Elo Perdido"
José Carlos Riechelmann
5.1. Introdução
Desde que Charles Darwin divulgou sua teoria sobre a evolução das espécies, posteriormente reforçada por inúmeras descobertas arqueológicas, a expressão "elo perdido" passou a designar uma hipotética espécie animal que teoricamente tivesse sido ancestral comum entre a espécie humana e os macacos.
Encontrar provas de que essa espécie realmente existiu traria para a arqueologia o enorme mérito de reenquadrar o homem numa nova posição em relação à vida na Terra: de "Senhor da vida e da morte no planeta" para "mais um entre os seres viventes e mortais no planeta".
Tal ressignificação seria muito saudável, se não pelo questionamento da nossa fantasia coletiva de onipotência, pelo menos pela imposição fatual à humanidade de uma hoje tão necessária consciência ecológica de si mesmo.
No presente trabalho, tomarei de empréstimo da arqueologia a expressão "elo perdido", que doravante usarei sem aspas, bem como o sentido mais abstrato dessa expressão.
A medicina ocidental moderna nasceu das mãos de um filósofo, no país onde nasceu a filosofia. E mais: a medicina também já nasceu psicossomática. Uma leitura atenta aos Aforismos de Hipócrates (séc. VI a.C.) faz ver facilmente que o pai da medicina nunca deixou de considerar as relações entre a lesão corporal, os estados psíquicos (chamados "da alma", na época) e os fatores ambientais.
Hoje, a medicina psicossomática e a psicologia da saúde são a vanguarda do pensar e do fazer na área da saúde. Espero que ao saber que a base desta vanguarda já tem 2500 anos, o leitor não se decepcione nem se esmoreça. Pelo contrário, que agora se torne mais curioso ainda e reflita sobre a seguinte pergunta: Como é que algo (a medicina) que nasceu tão inteiro