psicosomatica
A PSICOSSOMÁTICA DA INFÂNCIA
O corpo é o lugar e o meio pelos quais o bebê, colhido num conflito, exprime seu mal-estar.
Léon Kreisler
A psicossomática da infância, como área de estudo, tem recebido maior
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0212059/CA
atenção nas últimas décadas, tanto pela crescente compreensão da natureza psicogênica de inúmeras patologias infantis, como pela conseqüente demanda por um modelo teórico próprio, que possa responder às questões, surgidas na prática, sem ser pela aplicação dos conhecimentos obtidos a partir da criança
(re)construída pela experiência da análise. Como observado por Soulé (1996), surge na cena psicanalítica um “bebê vulgaris”, com vômitos, gritos, insônia, com cólicas e distúrbios respiratórios, que se opõe ao bebê “bem educado” apresentado pelos psicanalistas de adultos.
A delimitação de seu campo teórico e clínico, no entanto, tem produzido freqüentes questionamentos, já que o entendimento da doença da criança recebe a contribuição de diversas vias de conhecimento da infância, como a pediatria, a psiquiatria, a psicologia, a psicanálise e a própria psicossomática como estudada no adulto. Concordamos com Szwec (1996) em sua afirmativa de que essa riqueza de aportes também se traduz numa fonte de dificuldades, levando os praticantes da psicossomática da infância a se confrontarem com a tarefa de destacar a originalidade e os limites deste campo epistemológico ainda novo.
Para nos situarmos frente à questão, de modo a poder oferecer uma contribuição pessoal, consideramos oportuno fazer um levantamento das principais produções sobre o tema, e conhecer o ponto de vista de seus autores.
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2.1. Um estudo precursor: René Spitz e a patologia das relações objetais no 1º ano de vida
Como primeiro psicanalista a se dedicar ao estudo dos distúrbios somáticos do bebê, enfocados a partir das alterações nas relações objetais, o trabalho de Spitz trouxe uma importante contribuição para o estudo