psicopatologia- transtorno bipolar
Entre os antigos, foi Araeteus da Capadócia, que viveu em Alexandria no século I depois de Cristo, quem escreveu os principais textos que chegaram aos dias atuais, referentes à unidade da doença maníacodepressiva (Akiskal, 1996). Araeteus é, segundo Angst, 1986 e Marneros (2001), o mais proeminente representante dos chamados “Ecléticos”, assim chamados porque acolhiam, em sua prática, condutas e conceitos de diferentes escolas. Araeteus celebrizou-se pela acurácia de suas descrições, principalmente da mania e da melancolia. Araeteus foi o primeiro autor a explicitamente estabelecer um vínculo entre a mania e a melancolia, concebendo-as como aspectos diferentes da mesma doença. No capítulo V de seu livro Sobre a Etiologia e Sintomatologia das Doenças Crônicas (citado por Angst, 1986 e Marneros, 2001) Araeteus escreveu: “(...) Penso que a melancolia é o início e, como tal, parte da mania(...) O desenvolvimento da mania é o resultado da piora da melancolia, em vez de se constituir na mudança para uma doença diferente”. Mais explicitamente, escreveu: “(...) Na maioria dos melancólicos a tristeza se torna melhor depois de variados períodos de tempo, e se converte em alegria; os pacientes então desenvolvem o que se chama de mania”. Cumpre notar que Araeteus (ainda de acordo com Angst, 1986 e Marneros, 2001) diferenciou entre a melancolia (doença de causas biológicas) e os estados depressivos conseqüentes de influências ambientais (a atual depressão reativa).
Na metade do século XIX, na França, Falret e Baillarger (independentemente) descreveram formas alternantes de mania e depressão, chamadas, pelo primeiro, de folie