Psicopatologia-breve-introducao
© Celeste Duque, 2005 – Psicóloga Clínica (mailto:celeste.duque@gmail.com)
A Psicopatologia do Desenvolvimento é uma disciplina relativamente recente, teve início em 1974, surgiu o primeiro Manual da autoria de T. Achenbach, mais recentemente, Cichetti e Cohen (1995a, b) editam dois volumes, um deles centrado na teoria e nos métodos e um segundo dedicado ao estudo do risco, perturbações e adaptação. Esta área foca a sua atenção nas origens e curso (fases e sequelas) dos padrões inadaptados de comportamento, alguns dos quais se enquadram em perturbações psiquiátricas tradicionais. Basicamente é feita a comparação entre as trajectórias adaptadas e inadaptadas. A este nível é importante sublinhar o reconhecimento da dinâmica entre o desenvolvimento normal e anormal, adaptado e inadaptado dos processos ontogénicos. O conhecimento do desenvolvimento normativo é, obviamente, crítico para a compreensão do desenvolvimento atípico, mas, também, examinar o desenvolvimento desviante é necessário para o avanço do conhecimento do funcionamento adaptativo. Nomeadamente, no que concerne ao conhecimento dos processos adaptativos biológicos, psicológicos e sociais, este é, de facto, muito importante para a compreensão, prevenção e tratamento da psicopatologia. Zigler e Glick (1986, p. xi) afirmam: “os indivíduos movem-se entre formas patológicas e não patológicas de funcionamento e, mesmo no seio da patologia, os pacientes apresentam mecanismos adaptativos”. Já Sroufe considera que a psicopatologia deve ser concebida numa perspectiva organizacional e que deve ser percepcionada como um desvio do desenvolvimento normal o que obriga a que se identifiquem e se interpretem os significados dos padrões de funcionamento, tendo em atenção o contexto em que se inserem. Como exemplo, pode-se citar um caso descrito por Cichetti e Cohen em que “pode ser adaptativa a inibição afectiva numa criança cujos pais a maltratam, mas tal pode resultar em vitimização