psicomotricidade
Em “O Erro de Descartes”, obra do neurologista português António Damásio, surge uma nova interpretação sobre o axioma cartesiano Cogito, ergo sum. Em vez da plenitude da razão, abre-se espaço para a ética das emoções. O “Penso, logo existo”, que até então era pedra fundamental para o pensamento racional, de repente, tornou-se erro. Damásio afirma “é este o erro de Descartes, a separação abissal entre o corpo e a mente, entre substância corporal, (…) e a substância mental”, segundo Damásio, o corpo, a mente e o cérebro são uma realidade única que funcionam de modo integrado.
O grande desafio da Psicomotricidade é romper com o paralelismo psicomotor, reconhecendo que o organismo é uma totalidade que se relaciona permanentemente com o meio interno e o meio externo, constituído por corpo, cérebro e mente. Corpo e cérebro organizam-se como mente e é nesta dinâmica que o organismo inventa formas de se relacionar com o meio.
Assim, o movimento leva o corpo ao pensamento. A Psicomotricidade tem por objetivo levar a criança a pensar antes de agir. O corpo e o movimento caminham juntos para fazer a criança pensar e reagir com intenção, proporcionando a descoberta do saber. O movimento permite modelar o mundo numa aprendizagem palpável, procurando metas, planos e desejos, e deste modo passa a ser o construtor do seu conhecimento.
O corpo é a essência da ação, a interpretação de cada movimento e a referência do prazer. Isso é Psicomotricidade. Psicomotricidade como organização do desenvolvimento das capacidades física, intelectual, psíquica e social. A sala de aula pode e deve ser um caminho para a interpretação da Psicomotricidade como ação pedagógica, valorizando todas as possibilidades apreendidas através do corpo de cada