Psicologia
O Estudo do Comportamento Desviante:
A Contribuição da Antropologia[1]
O problema de desviantes é, no nível do senso comum, remetido a uma perspectiva de patologia. Os órgãos de comunicação de massa encarregam-se de divulgar e enfatizar esta perspectiva quer em termos estritamente psicologizantes, quer em termos de uma visão que pretende ser "culturalista" ou "sociológica". A formulação deste tipo de orientação é feita a partir de trabalhos, muitas vezes de orientação acadêmica, que não são capazes de superar a camisa-de-força de preconceitos e intolerância. Ë meu objetivo, neste artigo, relativizar esta abordagem e lançar proposições que possam permitir um conhecimento menos comprometido do fenômeno em pauta. Tradicionalmente, o indivíduo desviante tem sido encarado a partir de uma perspectiva médica preocupada em distinguir o "são" do "não são" ou do "insano". Assim certas pessoas apresentariam características de comportamento "anormais", sintomas ou expressão de desequilíbrios e doença. Tratar-se-ia, então, de diagnosticar o mal e tratá-lo. Evidentemente existiriam males mais controláveis do que outros, havendo, portanto, desviantes "incuráveis" e outros passíveis de recuperação mais ou menos rápida. Enfim, o mal estaria localizado no indivíduo, geralmente definido como fenômeno endógeno ou mesmo hereditário. (...) No entanto, desviar o foco do problema para a sociedade ou a cultura não resolve magicamente as dificuldades. Ë preciso verificar como a vida sociocultural é representada e percebida. Uma das abordagens mais influentes e significativas do comportamento desviante está na obra de Merton. Diz o autor: "A análise funcional concebe a estrutura social como ativa, como produtora de novas motivações que não podem ser preditas sobre a base de conhecimento dos impulsos nativos do homem. Se a estrutura social restringe algumas disposições para agir, cria outras. O enfoque funcional, portanto, abandona a posição mantida