Psicologia
FAMÍLIA DE ORIGEM E CONSTRUÇÃO DE SELF
Nina Vasconcelos Guimarães1
INTRODUÇÃO
O estudo da família de origem é um convite comovente a uma “visita domiciliar”, uma busca incessante as nossas origens através de uma reflexão profunda de nós mesmos, nossas gerações precedentes, enquanto verdadeiros “baús” repletos de valores, crenças, mitos, preconceitos, histórias e legados que nos constituem, favorecendo o aprofundamento sobre quem já somos e quem pretendemos ser. Sempre estaremos ressuscitando a família que permanece dentro de nós. Bowen mencionou este aspecto ao defender a idéia de que os relacionamentos não resolvidos com os nossos familiares originais se constituíam nos negócios inacabados mais importantes de nossas vidas. Desta forma, podemos dizer que sempre estaremos de alguma maneira “presos” a uma leitura transgeracional - ou rompemos com padrões que no momento atual se evidenciam descontextualizados, ou os reproduzimos, acreditando que são necessários e funcionais para o bem estar próprio e de nossos familiares. Nichols e Schwartz (1998) citam Bowen em relação a tal argumento, quando o autor diz que “... para onde quer que vamos, carregamos a reatividade emocional não resolvida com nossos pais, sob a forma de uma vulnerabilidade para repetir os mesmos antigos padrões em todo relacionamento novo e intenso em que entramos” (p. 309). Os dois ícones do estudo da família de origem, Bowen e Framo, nos dão o “passaporte” para esse “processo arqueológico” estabelecendo um contato íntimo com o nosso passado. De forma singular, Bowen (1990; 1991), sugere uma revisitação do adulto casado com problemas no casamento, que faça suas malas e retorne a casa de seus pais para resolver antigas pendências, antes de assumir os conflitos conjugais atuais, que muitas vezes sofrem interferências da família de origem; Framo (1996), por sua vez, aposta no convite que faz aos familiares de seu cliente individual a participarem de sessões familiares previamente preparadas,