Psicologia
Este artigo não pretende ser polêmico, no sentido em que se proponha a demonstrar a cientificidade ou nãocientificidade da psicologia; nem tampouco no sentido em que se coloque a favor ou contra o seu direito à existência, mas não pretende ser neutro. Representa uma tomada de posição e, portanto um compromisso com a forma de colocar as questões, mais do que com algumas das soluções já apresentadas. A psicologia, desde que surgiu, tem estado às voltas com o problema de sua justificação. Não foram poucos os que tentaram eliminá-la do campo das ciências, sendo mais importantes, pela repercussão que tiveram, as tentativas empreendidas por Comte e Pavlov. Os críticos da psicologia possuem, em geral, um ponto em comum: confundem a negação da psicologia com a negação da sua cientificidade, e pretendem que basta demonstrar-se que ela não é ciência para que automática mente esteja negada sua eficácia ou a possibilidade de sua existência. Um dos enganos que é constantemente cometido nestas análises é o da suposição de que a psicologia teria surgido como ciência a partir do momento em que um conjunto de saberes puramente empíricos recebesse uma codificação matemática. Admite-se, pois que sua cientificidade, assim como a de qualquer outra disciplina, está na razão direta de sua matematização. A se aceitar essa tese, ficamos com as seguintes possibilidades de opção: ou acreditamos que nem tudo o que compõe o espaço das chamadas ciências do homem é matematizável (e não estamos aqui confundindo matematização com quantificação) e neste caso apenas aquilo que o for se constituirá em ciência, ou aceitamos a tese de que tudo é matematizável, mas que não dispomos ainda de uma formalização adequada para certos problemas humanos. Não acreditamos que o problema da psicologia deva ser enfocado através dessa ótica. É uma atitude um tanto mágica aquela que pretende conferir