Psicologia
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A inclusão de crianças de seis anos na série inicial (1º ano) do Ensino Fundamental de nove anos provoca indagações e preocupações sobre o quê e como ensiná-los no contexto escolar. Algumas dessas preocupações estão voltadas para a aprendizagem da escrita alfabética e do domínio da habilidade leitora, ou seja, do processo de alfabetização. Outrora se considerava que a entrada da criança no mundo da escrita se fazia apenas pela alfabetização, ou seja, a capacidade de codificar e decodificar os sinais gráficos, transformando-os em sons e escrita. Sabe-se que esse conceito de alfabetização já não atende às necessidades sociais e políticas, uma vez que apenas saber ler o texto sem saber usar a leitura e a escrita para exercer uma prática social, não é suficiente. Desde meados dos anos 80, ampliou-se o conceito de alfabetização, pois concepções psicológicas, lingüísticas e psicolingüísticas de leitura e escrita comprovaram que, se o aprendizado das relações entre “letras” e os sons da língua é uma condição de uso da língua escrita, esse uso também é uma condição da alfabetização ou do aprendizado das relações entre as “letras” e os sons da língua. A partir dessa nova dimensão surgiu o termo letramento que pode ser definido como um processo de aprendizagem social e histórico da leitura e da escrita. Por isso, se caracteriza como um conjunto de práticas que se inicia quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se prolonga por toda a vida. Segundo Magda Soares (1998), dissociar alfabetização e letramento é um equívoco, pois não são dois processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto por meio de práticas sociais de leitura e escrita, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da