Psicologia
O LUGAR DO SENTIMENTO NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO1, 2
B. F. SKINNER
Uma resenha do livro Behaviorism: A Conceptual Reconstruction (1985) de autoria de Gerald Zuriff, publicada no London Times Literary Supplement (1985) começa com uma história sobre dois behavioristas. Eles fazem amor e um deles diz: “Foi bom para você. Como terá sido para mim?” O autor da resenha, P. N. Johnson-Laird, insiste que há uma “grande semelhança” com a teoria behaviorista. Não se imagina que os behavioristas tenham sentimentos, nem que, ao menos, admitam possuí-los. Dentre as muitas formas em que o behaviorismo tem sido interpretado de forma equivocada por muitos anos, talvez essa seja uma das mais comuns.
Uma preocupação possivelmente excessiva com a “objetividade”, talvez seja responsável pela confusão. Behavioristas metodológicos, assim como positivistas lógicos, argumentam que a ciência deve restringir-se a eventos passíveis de serem observados por duas ou mais pessoas. A verdade tem que ser verdade pela concordância.
Aquilo que é visto através da introspecção não se qualifica como tal. Existe um mundo privado de sentimentos e estados da mente, mas ele está fora do alcance de uma segunda pessoa e, portanto, da ciência. Certamente, essa não é uma posição satisfatória. A maneira como as pessoas se sentem é, frequentemente, tão importante quanto o que elas fazem. O behaviorismo radical nunca assumiu essa posição. Sentimento é um tipo de ação sensorial, assim como ver e ouvir. Nós vemos um paletó de lã, por exemplo, e também o sentimos. Isso não é , por certo, equivalente a sentir-se deprimido. Sabemos algumas coisas sobre os órgãos através dos quais sentimos o paletó, mas conhecemos pouco, se é que conhecemos algo, sobre os órgãos pelos quais nos sentimos deprimidos. Podemos sentir o paletó pelo tato, passando os dedos sobre o tecido para aumentar a estimulação, mas parece não existir nenhuma forma de sentir a depressão pelo tato. Temos outras maneiras de