Psicologia
Jacqueline de Oliveira Moreira
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RESUMO. O presente artigo visa acompanhar a trajetória freudiana na teorização do complexo de Édipo. Nesse sentido, o texto organiza o processo de teorização do Édipo em quatro movimentos: “o Édipo na teoria dos sonhos”, “o Édipo no interior da problemática do Pai Totêmico”, “o mecanismo da identificação no Édipo” e, por fim, “Édipo e Complexo de Castração”. Palavras-chave: Édipo, freudismo, sujeito.
ÉDIPO IN FREUD: THE MOVEMENT OF A THEORY
ABSTRACT. The present article seeks to follow the Freudian “Oedipus Complex” theory. The text organizes the process of theorizing the “Oedipus” in four steps; “Oedipus in the dream theory”, “Oedipus within the problematic of the Totemic Father”, “the mechanism of identification in Oedipus”, and finally, “Oedipus and the Castration Complex”.
Key words: Oedipus, freudianism, subject.
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O complexo de Édipo constitui uma das problemáticas fundamentais da teoria e da clínica psicanalítica. Para a teoria psicanalítica, o momento crucial da constituição do sujeito situa-se no campo da cena edípica. Dessa forma, o Édipo não é somente o “complexo nuclear” das neuroses, mas também o ponto decisivo da sexualidade humana, ou melhor, do processo de produção da sexuação. Será a partir do Édipo que o sujeito irá estruturar e organizar o seu vira-ser, sobretudo em torno da diferenciação entre os sexos e de seu posicionamento frente à angústia de castração. Freud irá remeter, na sua teorização sobre o Édipo, a autores e personagens clássicos da literatura mundial, como o “Hamlet” de Shakespeare e a trama do parricídio dos “Irmãos Karamazov”, obras que reencenaram o mito de Édipo da tragédia de Sófocles. A hipótese da importância da cena edípica na trama da subjetividade aparece cedo na teoria freudiana. Já em 1897 (Freud, 1950/1974, p. 350), Freud lança a idéia do Édipo numa carta a Fliess, mas só tardiamente, após a formulação da Pulsão de Morte e a partir