Psicologia
Dados sobre a produção brasileira sobre violência e saúde foram levantados, na primeira semana de abril de 2006, a partir da SciELO - Scientific Electronic Library Online, que indexa, dentre outras, as principais revistas brasileiras no campo da saúde coletiva. Foram encontrados 234 artigos, publicados de 1980 até 2005, ano que sozinho perfaz 20% dessa produção. Há um primeiro impulso a partir de 1994, com a publicação de suplemento dos Cadernos de Saúde Pública29 referência para o tema. Um segundo impulso é verificado a partir de 2002.
Com base na leitura dos resumos, foram selecionados 108 artigos que se referiam à saúde e tratavam da realidade brasileira. As considerações que seguem estão baseadas nessa produção, acrescidas de alguns estudos complementares considerados fonte de dados originais relevantes.
Nos estudos nacionais verificou-se a tendência internacional: os primeiros estudos tratam de dados de mortalidade por causas externas. Essa mortalidade atinge mais indivíduos do sexo masculino e, portanto a face mais explicativa dos estudos volta-se para a relação homens-homicídios, mediada pela questão 'causas externas'. Quer a distinção da violência, quer a abordagem de gênero situam-se a partir do final dos anos 90.22,25
Na década de 90, a maioria dos estudos baseou-se na premissa de que a violência vem crescendo, já que desde 1980 as causas externas passaram a ocupar o segundo lugar entre as causas de morte no país. São, pois, as causas externas que dão nome e presença à violência, marcada enquanto violência entre homens.
Na primeira parte da década, os estudos buscavam caracterizar a magnitude e importância dessas causas de morte em relação às demais, discutindo taxas e anos de vida potencialmente perdidos, estratificados por grupos de causas, sexo e idade.26,38,46
Surgiu uma das primeiras sistematizações explicativas em torno da noção de violência, entendendo-a enquanto processo de causas múltiplas e