Psicologia e o Trabalho
Resumo
O presente texto aborda algumas das contribuições da Psicologia a respeito dos significados, dos valores e dos papeis do trabalho nas relações históricas e sociais no ocidente. Primeiro, faz-se referências às mudanças de centralidade do trabalho e sua influência na construção de modos de subjetivação na história humana, desde a Grécia antiga até a contemporaneidade. A seguir, pontuam-se as transformações teórico-metodológicas ocorridas na Psicologia, a partir das apropriações sobre o trabalho. Por fim, traz-se um panorama a respeito das clínicas do trabalho.
Introdução A palavra trabalho apresenta polissemia em seus significados e sentidos no decorrer da história humana: como fonte de sobrevivência e origem de virtude, assim como elevação moral e espiritual; depois, como fonte de sofrimento e expiação; criação e expressão; até chegar às concepções liberal-modernas, que exaltam o trabalho como a única forma de desenvolvimento moral e ético que permite o acesso aos “bens” individuais e coletivos. A apropriação da psicologia, enquanto ciência, do trabalho ocorreu de forma heterogênea, contribuindo na ampliação das compreensões das relações entre trabalho e sujeito, mas também na sua institucionalização, como por exemplo, em suas versões industriais (seleção e treinamento). Nessa diversidade, destacam-se a Psicologia Organizacional, “que amplia o universo da organização como um organismo repartido em diversos subsistemas interdependentes” (BENDASSOLLI, 2009, p. 39) e a Psicologia do Trabalho, que envolve a relação dialética individuo/grupo e trabalho/organização. Tal envolvimento entre psicologia e trabalho engendrou abordagens clínicas, as quais enfatizam o peso do último na estruturação psíquica dos sujeitos. Aqui se destacam a Psicodinâmica do Trabalho, a Clínica da Atividade, a Psicossociologia e a Ergologia. A dialética entre a história e o trabalho Ao se considerar o trabalho como eixo central da dinâmica