Psicologia e o Compromisso Social
De acordo com Ana Mercês Bahia Bock, as diretrizes dos diferentes campos de atuação dos profissionais de Psicologia nem sempre foram plenamente condizentes com a verdadeira necessidade da sociedade. Tal feito deu-se pelo descaso da Psicologia para com a desigualdade social durante seu estabelecimento como profissão, onde atendia somente a demanda da elite, que visava o controle e categorização da população menos favorecida. Contudo, analisando o surgimento dessa desigualdade, nota-se a eclosão de uma relação perversa entre as questões políticas da elite (capitalismo) e os meios de obtenção de capital das mesmas. Para reforçar essa segregação, há também o padrão de consumo universal imposto pela globalização e a ausência do Estado nas questões sociais – entregando-as nas mãos das Organizações Não-Governamentais (ONGs). O conjunto resulta no declínio das condições de trabalho, no desemprego e, principalmente, na incerteza do futuro. Apesar de não serem explícitos, grande parte desses acontecimentos tiveram a Psicologia como mediadora entre interesses elitistas e descaso estatal. Nada obstante, no início da metade do século XX, o Estado aprova a Lei 4119, que nem havia sido reivindicada – por falta de interesse –, para o reconhecimento da Psicologia como profissão, singularmente como colaboradora para a modernização da sociedade brasileira. Essa modernização era idealizada por conta da tecnologia – os testes psicológicos – auxiliadora no controle do comportamento humano, com embasamento científico. Entretanto, não haviam condições de caracterizar a profissão, nem discurso ideológico para tal, deixando ainda mais claro que a regulamentação se deu propriamente para saciar a necessidade da elite. Após isso, fazendo uma afronta a esse projeto corporativista, os cursos de Psicologia das universidades passaram a agregar as camadas médias da população, disseminando a concentração dos filhos das elites e trazendo a possibilidade de