psicologia e trabalho
Desconfiança
Como seres humanos somos sistemas relacionais, pontos de convergência/divergência de inúmeras variáveis, somos necessidades e possibilidades de relacionamento.
Viver em função de satisfazer necessidades, posiciona. Este posicionamento estrutura autorreferenciamento. No autorreferenciamento, procura-se verificar conformidades, confrontar regras e padrões, pois acha-se que é isto que une, que gera familiaridade e confiança. A atitude decorrente desta estruturação autorreferenciada é a avaliação: verificação do outro e dos acontecimentos da vida. Constantemente medindo, avaliando, se consegue decidir, aproveitar o máximo e atingir os ideais familiares e comunitários. Desta forma, passa-se a viver sem confiar no que ocorre, no que percebe: nada se explica por si mesmo, tudo deve ser verificado. É a falta de espontaneidade equivalente à pesquisa cadastral e curricular para que se possa entrar em contato com o outro. A confiança assim adquirida é fruto de manipulação e regras esquematizadas: encontrar o parelho, o confiável é, então, um processo cujos caminhos são determinados por clichês e estereótipos. As aderências são transformadas em características intrínsecas. O preço pago por esta violentação é não discernir, não saber o que está acontecendo, com quem se está.
Viver desconfiado é viver isolado desde quando o outro é percebido dentro do autorreferenciamento, como um apêndice, uma peça instrumental que ajuda ou atrapalha.
Desconfiar é estar à mercê, é não saber, não configurar, não globalizar o que ocorre. Confiar pode levar a engano, mas não deixa