Psicologia e politicas publicas (ana bock)
Temos encontrado com freqüência a Psicologia relacionada ao termo das Políticas Públicas. Isto é bastante positivo. Mas estes campos não estiveram sempre relacionados e nem se relacionam obrigatoriamente. Penso que políticas públicas fazem parte da preocupação de um segmento da Psicologia. Quando associamos psicologia com políticas públicas como se fosse algo natural e esperado, deixamos ou perdemos a oportunidade de dar visibilidade a um projeto de inserção social da profissão. Psicologia como um fazer profissional e um conhecimento científico surgiu com a modernidade. Foi preciso que os humanos desenvolvessem um sentimento de “eu” que produzisse novas perguntas que a ciência moderna se dispôs a responder. Nem sempre nossa organização psíquica esteve nucleada e organizada a partir de uma noção de “eu” individual. Mas este sentimento exigiu também uma definição deste próprio eu. Quem sou eu? A sociedade moderna e capitalista incentivou e precisou deste “eu” para promover a idéia do homem livre: livre para consumir, livre para vender sua força de trabalho, livre para escolher. As ofertas se tornaram cada vez mais diversas, dado o enriquecimento e desenvolvimento de um número infindável de mercadorias, sejam elas roupas, calçados, moveis, ou sejam elas religiões, crenças, profissões. O “eu” se viu frente a este desafio: escolher para poder se identificar. Sofrimento, dificuldades, angustia, muitos serão os nomes dados às dificuldades que se colocaram com a nova tarefa. É desta vivência social e desta "crise” do “eu” que a sociedade passará a reivindicar um conhecimento que pudesse dar conta desta experiência e de ajudar a cada um saber-se a si próprio. A Psicologia surge, então, com esta tarefa: quem sou eu e como me torno o que sou? Seus conhecimentos e suas técnicas vão buscar responder a estas questões. No Brasil, a introdução deste conhecimento e deste fazer, vai acontecer quando o