Psicologia e Arte
Apenas aquele aspecto da arte que existe no processo de criação artística pode ser objeto da psicologia, não aquele que constitui o próprio ser da arte. (...) Ou seja, a pergunta sobre o que é a arte em si, não pode ser objeto de considerações psicológicas, mas apenas estético-artísticas (JUNG, 1991, p. 54).
Tomando como ponto de partida a citação acima, proferida por Jung, numa palestra sobre a “Relação da psicologia analítica com a obra de arte poética”, desejamos discorrer de maneira breve acerca do modo peculiar de conceber a produção psicológica e a criação artística, apresentado por tal abordagem. Começamos tentando delimitar, com o autor já mencionado, o que estaria no campo da psicologia em relação à arte. Percebemos, pois, que não estamos tentando dizer o que é arte, mas procurando conhecer mais a respeito da atividade criadora e da estruturação da obra de arte. Sob esta perspectiva, a psicologia analítica busca contribuir no processo da decifração das imagens simbólicas contidas em determinada obra, clarificando suas significações, que, muitas vezes, não são possíveis de serem apreendidas pela a visão da época vigente (Silveira, 1976, p.55). É importante determo-nos um pouco mais na questão trazida acima, que envolve a compreensão das imagens simbólicas de uma obra de arte. Este é um ponto fundamental que aparece quando falamos em criação artística na teoria junguiana. Para tal abordagem, existem dois diferentes processos na criação de uma obra. Um destes processos estaria mais vinculado à intenção do artista, ao que ele deseja representar. Esse tipo de arte é bastante acessível e de fácil compreensão. O outro, todavia, parece escapar ao próprio artista que o concebe. É como se,