Psicologia Social
Os modos de subjetividade eram individuais. A responsabilidade pelas suas ações passava a ser do indivíduo, tendo ele atingido seu objetivo ou não. O mérito é algo individualizado, portanto os resultados e consequências das ações também devem ser. A subjetividade era vista como algo interno, variando de pessoa para pessoa. O indivíduo era caraterizado biologicamente e a possibilidade de influência pelo meio em que estava inserido era descartada. Essa não é uma teoria consistente pensando pela perspectiva social, pois a sociedade é formada pelos indivíduos que a constituem, assim como o indivíduo é formado pela sociedade que compõe. É uma relação diretamente proporcional. Dessa maneira, espera-se que o sujeito esteja em constante processo de transformação. Tomando conhecimento das questões sociais existentes, nos deparamos com algo, no mínimo, interessante: o sujeito pode ser visto como vítima e culpado de uma mesma situação. Tomemos como exemplo a seguinte situação: você está voltando do trabalho e decide atalhar por uma rua desconhecida. Ela é escura e não tem ninguém por perto. Mesmo assim, você acha que vale a pena chegar mais cedo em casa depois de um dia cansativo. No caminho, você é assaltado. Roubam seu celular, sua pasta com todos os arquivos do trabalho, sua carteira e documentos. Você é vítima, porque tem o direito de ir e vir? Ou você é culpado, porque sabia do perigo existente e decidiu arriscar? Essa questão é sutil e, por isso, precisa ser veementemente discutida. Precisamos desconstruir essas normas sociais e construir novas maneiras de pensar. Devemos dar ao indivíduo, de fato, o direito de ir e vir e de tomar suas decisões. Essas linhas de fuga precisam ser trazidas para debate. As teorias precisam ser postas em prática. Será que estamos muito longe dessa realidade? Quantos paradigmas sociais nos separam dos reais direitos que temos? A resposta é simples: todos.
Porto Alegre, 06 de outubro de 2014.