Psicologia, saúde e nutrição: Contributo para o estudo do comportamento alimentar
Psicologia, saúde e nutrição: Contributo para o estudo do comportamento alimentar
VICTOR VIANA (*)
1. INTRODUÇÃO
A ideia de que a saúde é primeiro que tudo um bem cuja manutenção depende, antes de mais, do comportamento e empenho de cada um, está cada vez mais disseminada. A compreensão deste princípio não é, no entanto, condição suficiente para que o indivíduo comum assuma a sua cota parte de responsabilidade na defesa da sua saúde e da dos seus. Hábitos que uma vez adquiridos só dificilmente se alterarão estão associados a um número crescente de doenças cujo tratamento implica a adopção de novos comportamentos no que se refere ao adulto e, especialmente, à criança (Viana & Almeida, 1998).
Entre hábitos e comportamentos promotores da saúde e, portanto, preventivos da doença contam-se, com especial impacto, os hábitos alimentares. Uma alimentação racional, que tenha em conta as necessidades do organismo e tome em consideração as propriedades preventivas de alguns nutrimentos, é hoje, um aspecto determinante de um estilo de vida saudável para as pessoas de diferentes grupos etários e, em muitos casos, um cuidado imprescindível em
(*) Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da U. P. (FCNAUP). Instituto Superior de Ciências da Saúde-Norte (ISCS-N). Departamento de Pediatria do H.S.J.- Porto.
grupos com patologia crónica ou aguda, como sucede na diabetes.
Escolher uma alimentação saudável não depende apenas do acesso a uma informação nutricional adequada. A selecção de alimentos tem a ver com as preferências desenvolvidas relacionadas com o prazer associado ao sabor dos alimentos, as atitudes aprendidas desde muito cedo na família, e a outros factores psicológicos e sociais. É necessário, portanto, compreender o processo de ingestão do ponto de vista psicológico e sociocultural e conhecer as atitudes, crenças e outros factores psicossociais que influenciam este processo de decisão