Psicologia na contemporaniedade
1. Introdução:
A marca distintiva das sociedades capitalísticas contemporâneas é a complexidade. A velocidade das transformações que se sucedem no período atual assim como a simultaneidade das mesmas faz com que uma análise crítica do período se constitua em um desafio. Da obra “Microfísica do poder” de Michel Foucault, é possível extrair um referencial para a análise do contemporâneo: para o autor, as sociedades são permanentemente atravessadas por relações de poder, múltiplas e diferenciadas, nas quais toda vida em sociedade se inscreve. Tais relações podem ser compreendidas em seu conjunto pela noção de regimes de poder, vigentes a cada período histórico.
Foucault caracterizou as sociedades ocidentais do século XX como disciplinares, ou seja, inscritas no regime de poder disciplinar. A disciplina, para ele, compreende a preparação infinita para o trabalho e comporta uma sucessão de fases, vividas nas diferentes instituições que o indivíduo frequenta ao longo da vida. Seguindo a vertente da análise crítica da contemporaneidade, Gilles Deleuze vai propor que vivemos a transição para um novo regime de poder por ele denominado Sociedade de Controle e que tem como uma de suas características visíveis o exercício de poderes que se difundem pela sociedade sem depender do esquadrinhamento social operado pelas instituições. Deleuze considera que os meios de comunicação se constituem no instrumental apropriado para o exercício do poder nessas condições.
Ao mesmo tempo em que assistimos a ascensão dos meios de comunicação na produção da subjetividade em escala populacional, observamos também que as instituições do antigo regime de poder disciplinar sobrevivem ainda que dando sinais de disfuncionamento. Assim, ganha visibilidade neste contexto a crise das instituições de diferentes tipos, incluída aí a família. É neste cenário complexo e marcado por novas formas de exercício do poder e