Psicologia geral-pseudociencia
A COISA MAIS PRECIOSA
A ciência origina uma grande sensação de prodígio. Mas a pseudociência também. As popularizações dispersas e deficientes da ciência deixam uns nichos ecológicos que a pseudociência se apressa a encher. Se chegasse a entender amplamente que qualquer afirmação de conhecimento exige provas pertinentes para ser aceita, não haveria lugar para a pseudociência. Mas, na cultura popular, prevalece uma espécie de lei de Gresham segundo a qual a má ciência produz bons resultados.
Em todo mundo há uma enorme quantidade de pessoas inteligentes, inclusive com um talento especial, que se apaixonam pela ciência. Mas não é uma paixão correspondida. Os estudos sugerem que noventa e cinco por cento dos americanos são “analfabetos cientistas”. Certamente, nas cifras sobre analfabetismo há sempre certo grau de arbitrariedade, tanto se aplica à linguagem como à ciência. Mas um noventa e cinco por cento de analfabetismo é extremamente grave.
Todas as gerações se preocupam com a decadência dos níveis educativos. Um dos textos mais antigos da história humana, datado na Suméria faz uns quatro mil anos, lamenta o desastre de que os jovens sejam mais ignorantes que a geração imediatamente precedente.
Hipócrates do Cós é o pai da medicina. Ainda lhe recorda 2500 anos depois pelo Juramento do Hipócrates (de que existe uma forma modificada que os estudantes de medicina pronunciam quando se licenciam). Mas, principalmente, lhe recorda por seus esforços por retirar o manto de superstição da medicina para levá-la à luz da ciência. Em uma passagem típica, Hipócrates escreveu: “Os homens acreditam que a epilepsia é divina, meramente porque não a podem entender. Mas se chamasse divino a tudo o que não podem entender, haveria uma infinidade de coisas divinas.” Em lugar de reconhecer que somos ignorantes em muitas áreas, tendemos a dizer coisas como que o universo está impregnado do inefável. atribui-se a responsabilidade do que ainda não entendemos a um Deus do