Psicologia escolar
Júlio Groppa Aquino*
RESUMO: O presente artigo discute a relação entre os conceitos de violência e autoridade no contexto escolar e, particularmente, na relação professor-aluno. Para tanto, contrapõe uma leitura de cunho institucional da violência escolar às abordagens clássicas da temática, demonstrando a tese de que há um quantum de violência “produtiva” embutido na ação pedagógica.
Palavras-chave : violência escolar, relação professor-aluno, autoridade docente, instituição escola
Várias são as possibilidades de análise ou reflexão que se descortinam quando alguém depara, quer empírica quer teoricamente, com a indigesta justaposição escola/violência, principalmente a partir de seus efeitos concretos: a indisciplina nossa de cada dia, a turbulência ou apatia nas relações, os confrontos velados, as ameaças de diferentes tipos, os muros, as grades, a depredação, a exclusão enfim. O quadro nos é razoavelmente conhecido, e certamente não precisamos de outros dados para melhor configurá-lo. A imagem, entre nós já quase idílica, da escola como locus de fomentação do pensamento humano – por meio da recriação do legado cultural – parece ter sido substituída, grande parte das vezes, pela visão
* Mestre e doutor em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da USP, e docente na Faculdade de Educação da USP, área de Psicologia da Educação. Autor de Confrontos na sala de aula: Uma leitura institucional da relação professor-aluno (1996), e organizador/co-autor das coletâneas Indisciplina na escola (1996), Sexualidade na escola (1997), Erro e fracasso na escola (1997), Diferenças e preconceito na escola (1998), editadas pela Summus.
Cadernos Cedes, ano XIX, nº 47, dezembro/98
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difusa de um campo de pequenas batalhas civis; pequenas mas visíveis o suficiente para causar uma espécie de mal-estar coletivo nos educadores brasileiros. Como se posicionar perante tal estado de coisas? No meio educacional,