Psicologia educacional
Os seguintes casos servem de aprendizagem sobre o funcionamento das áreas pré-frontais e a sua influência no lado emocional e sentimental dos seres humanos.
Phineas Gage era um funcionário dos caminhos-de-ferro americanos, que viveu no século XIX (1823-1861). Em 1848, com 25 anos, sofreu um acidente de trabalho que, de certa forma, acabou por torná-lo famoso: quando tentava colocar explosivos para abrir um caminho numa rocha, provocou uma explosão. A barra de ferro usada para empurrar os explosivos atravessou-lhe a cabeça, penetrando no queixo e arrancando-lhe o olho esquerdo, e saiu pela parte superior do crânio, onde afectou as áreas pré-frontais do cérebro.
Depois de assistido no hospital, recuperou e acabou por sobreviver por mais 12 anos. Apesar das crises de epilepsia esporádicas, as capacidades intelectuais e motoras foram mantidas. Embora estivesse recuperado, perdeu o olho esquerdo e a barra de ferro foi apenas cortada no exterior, permanecendo no cérebro parte dela.
Mas, devido às zonas cerebrais afectadas, a sua personalidade sofreu mudanças drásticas a nível sentimental e emocional. Antes do acidente, era descrito como um homem exemplar: educado, trabalhador, sereno, simpático e gentil. Contudo, após o acidente, passou a demonstrar comportamentos totalmente diferentes: irritava-se com facilidade, era mal-educado, enfurecido e moribundo. Devido a esta mudança emocional, perdeu o emprego e passou o resto da vida a deambular pelas ruas de Nova Iorque e Califórnia. Morre em 1861, com 38 anos, ainda com a barra de ferro na cabeça.
O seu cérebro foi conservado no Museu da Escola Médica de Harvard e, nos anos 90, foi objecto de estudo dum casal português: António e Hanna Damásio. Através de técnicas de simulação informática, foi possível reconstruir as consequências do acidente, verificando que as áreas responsáveis pelos movimentos e pela linguagem não apresentaram qualquer dano sofrido, o que compreende a