Psicologia da morte
Vera Anita Bifulco
Psicóloga do Setor de Cuidados Paliativos da
Disciplina de Clínica Médica da
Universidade Federal de São Paulo
(Chefe Prof. Dr. Marco Tullio de Assis Figueiredo)
Falar da Morte é falar da Vida. Muitos ficarão surpresos com isso, justo a morte, assunto tido como funesto, tenebroso, a maioria foge até de pronunciar o seu nome, quanto mais dissertar sobre ela.
Mero engano. É justamente se permitindo falar dela e sobre ela que aprendemos a plenitude do significado da Vida. Deveríamos, por ínfimos minutos diários, ter por hábito pensar em nossa FINITUDE.
Por quê?, porque, ao pensarmos que, um dia, nosso tempo de vida extinguir-se-á, fechará em seu ciclo vital, natural a tudo que é vivo, dar-nos-íamos por bem repensar na vida que levamos. Levamos uma vida ou é ela que nos leva. E se a levamos, como efetivamente fazemos isso.
O conhecimento da finitude humana é essencial ao saber de todos que lidam com a área da saúde e educação, pois a Morte fará parte, mais cedo ou mais tarde, de seu cotidiano. Se não entendemos nem a morte nem os sentimentos nossos que a norteiam, como entender aquele paciente que tem seus momentos finais tão prementemente vividos, quais seus anseios, medos, dúvidas, inquietações? Como, efetivamente, podemos auxiliá-lo, quando sua cura já não é mais possível. Que recursos, disponíveis em nós, como seres humanos e profissionais, estariam por bem servindo a esse cuidar?
Remontemos um pouco à história para entendermos o processo de Morte e Morrer.
Aqui, faço uma referência à pioneira do estudo sobre Morte e Morrer, Elisabeth
Kübler-Ross, médica psiquiatra, suíça, que posteriormente viveu e exerceu sua medicina nos Estados Unidos.
Citar Kübler-Ross é fundamental quando queremos entender o processo que fica evidenciado nas etapas pelas quais passa um paciente fora de recursos terapêuticos de cura, chamados erroneamente, porém popularmente de “terminais”. Terminais, todos nós somos,