Psicologia como ciência
1O artigo faz uma análise crítica da psicologia científica, seu percurso histórico e suas implicações epistemológicas e ético-políticas para a teorização da subjetividade, bem como para a formação universitária e prática profissional dos psicólogos. Descritores: Psicologia Científica, Psicologia Social, Psicologia Política, Epistemologia da Psicologia1.
INTRODUÇÃO
A Psicologia é ciência existente há pouco mais de cem anos. No Brasil, esta ciência tem formação profissional, validada legalmente, há quarenta anos. Nesse período, o que se observa na formação dos psicólogos é o foco de estudo e intervenção voltado basicamente para os aspectos individuais da subjetividade humana. A formação universitária em Psicologia têm prioritariamente focado o “eu” e deixado o “nós” para segundo plano. Há a análise das relações familiares, relações escolares e relações nos meios sociais, mas considerando-se suas conseqüências para a constituição individual, íntima, privada de cada um. Prevalece, assim, o individual, o singular. E isto parece atravessar a formação e as práticas de quase todos que se formaram ou estão se formando como psicólogos. Muitas formas de intervenção, por isso, trabalham o indivíduo e suas questões, restringindo-se aos aspectos subjetivos individuais e privados. Isto evidencia-se nos trabalhos da Psicologia Clínica; mas também a Psicologia Educacional e Organizacional focam, freqüentemente, o indivíduo, sua adaptação ou não à sociedade e ao modus vivendi estabelecido. Diante dessas considerações, psicólogos preocupados com a demarcação científica de seu objeto de estudo e sua prática profissional podem argumentar que a análise das relações sociais é matéria para as ciências sociais. Entretanto, deve-se questionar a rigidez da demarcação dos campos de estudo quando se trata de ciências